“Era uma vez”... Fadas são seres mágicos que, com sua
varinha de condão, ajudam os seres humanos protegendo-os, realizando seus
desejos e sonhos, como por exemplo, permitir que a gata borralheira vá ao baile
encontrar seu príncipe encantado ou transformar um boneco de madeira em um
menino de verdade. Se for essa a imagem que você tem sobre as fadas (e assim a
maioria tem), então você irá se surpreender com o livro “O Inverno das Fadas”,
da escritora Carolina Munhoz. Tudo bem, fadas assim até podem “existir”, mas Sophia
é diferente. Totalmente diferente. Tá, a beleza que imaginamos que ela possua
(afinal, por mais que seja descrita, cada leitor a imagina de um modo
diferente) pode ser comum a outras fadas. Mas Sophia não é uma fada qualquer.
Ela é uma Leanan Sídhe. Uma fada amante, uma fada “musa”, que inspira artistas
e lhes dá fama, sucesso, dinheiro, mas em troca suga toda sua energia, como uma
vampira que não se alimenta de sangue, mas de almas. À primeira vista, Sophia
pode parecer um ser mal, cruel, egoísta. Mas com o passar do tempo (e das
páginas), nos afeiçoamos a ela. Uma jovem fada que está descobrindo o amor
verdadeiro. Que está descobrindo que todos temos um lado bom e um lado mal. E
que todos podem mudar sua essência, seu destino, por mais previsível que seja.
Bem, para aqueles que ainda não leram “O Inverno das Fadas”, não vou fazer um resumo do mesmo aqui. Como devem saber, gosto de escrever sobre minhas impressões pessoais a respeito dos livros que leio (e que me tocam). Para situá-los, segue a sinopse retirada do hotsite da escritora (link no fim do post):
“Sinopse: A ATRAÇÃO
PODE SER FATAL, MAS A FANTASIA FAZ PARTE DO ENCANTAMENTO. Sophia Coldheart não
é uma fada comum. Ela é uma Leanan Sídhe, uma espécie de fada que serve de musa
para humanos talentosos alcançarem o sucesso. Uma fada-amante. Mas isso tem um
preço. Ao mesmo tempo em que os leva ao estrelato, se alimenta de suas
energias, levando-os à loucura. E à morte. Uma vida intensa e extraordinária
com um fim trágico. Mas o que aconteceria se um humano resistisse à sua sedução
e fizesse a própria Sophia sentir-se fascinada por ele?”.
Complementando, o livro trata do romance entre Sophia (a
fada) e o jovem escritor William Bass (humano). Só com este pequeno detalhe
podemos imaginar que esta história vai render, afinal, pode uma fada se
apaixonar por um humano? Bem, nas velhas histórias de contos de fada isso é
meio difícil. Ok, me esqueci que estamos falando de “O Inverno das Fadas” e de Carolina
Munhoz e tudo aqui é bem diferente.
Feitas as devidas introduções, posso enfim trazer minhas
considerações a respeito do livro. Primeiramente, é um livro muito inteligente,
cheio de referências de todos os tipos. Como escritora sempre me faço muitas
perguntas a respeito das obras e adoro ir descobrindo algumas coisas pouco a
pouco. Uma das minhas melhores descobertas foi saber que a Carol não criou uma
cidade fictícia. Sim, Keswick existe de verdade. Assim como Castlerigg Stone
Circle. (Eu nunca viajei para o exterior, então foi uma grande descoberta,
ok?).
Também é muito interessante descobrir as referências que ela
faz a artistas famosos e como as histórias reais se misturam à ficção. Algumas
mais fáceis de descobrir, outras nem tanto, relembramos a carreira e vida
destes artistas, bem como suas mortes trágicas causadas pela sedução da Leanan
Sídhe. Minha reação ao ler este livro
foi a mesma da Trilogia “Dragões de Éter”: rir sozinha quando “descobria” uma
nova referência, contar aos meus amigos e deixá-los muito curiosos. Quanta
genialidade ao costurar histórias/personagens reais com ficção! Quanta
genialidade em pensar diferente as mesmas histórias de sempre!
Devo confessar que estou descobrindo a literatura fantástica
aos poucos, há pouco tempo. Poucos foram
também os livros que li neste “estilo”. E dentre todos os seres fantásticos
retratados, Fadas com certeza nunca foram os meus favoritos. Tudo bem, eu
sempre gostei de contos de fadas, mas não das fadas em si. Sendo assim, devo
confessar que decidi ler “O Inverno das Fadas” por curiosidade. Assim como
outros livros, comecei a ler sem muitas expectativas. Mas sinceramente? Adoro
ser surpreendida. Este livro é daqueles que você começa a ler sem muitas
pretensões e acaba adorando. Bem escrito, inteligente, “sem pontas soltas”,
cativante. Impossível parar de ler. Mais surpreendente ainda é que eu tinha a
sensação de que ele seria previsível, o enredo parecia seguir para um fim
conhecido. Eu estava enganada. Com uma trama inteligente, me envolveu até a
última página. Aliás, quando se chega lá, a sensação é: “mas já acabou?”. Com toda a simplicidade da linguagem e
genialidade na trama, “O Inverno das Fadas” já entrou para minha lista de
indicados. Recomendo, indico e elogio. E que a genialidade de Carolina Munhoz continue
assim em seus futuros trabalhos, que seu escritor, assim como William, continue
inspirando-a, pois assim como eles, uma grande carreira lhe espera.