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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Se você é o tipo de leitor que tem empatia pelos personagens dos livros que lê; que tenta se imaginar no lugar deles (quem sabe, talvez, até sentir o que eles sentem), então é melhor não ler o livro “Hiroshima”, de John Hersey.  Do contrário, se você gosta de livros intensos, este eu recomendo, como um dos melhores que já li. 


“Hiroshima” é forte, é intenso, é triste, é revoltante, é inquietante. E pode ser muito mais coisas que eu talvez não consiga descrever precisamente. É o tipo de livro que te faz sentir e pensar, refletir e se envergonhar.  “Hiroshima” é baseado em fatos reais e isso o torna muito pior. Ao ler o livro, você pensa “PQP! Tudo isso aconteceu mesmo???”. Sim, aconteceu em 1945. Mais precisamente às oito e quinze da manhã do dia 6 de agosto de 1945 quando uma Bomba Atômica foi jogada sobre a cidade japonesa de Hiroshima.


“Hiroshima”, apesar de ser um livro de jornalismo literário, não tem pretensão de contar a história da bomba. Não tem a pretensão de ser um livro histórico. Sim, ele traz as estatísticas (imprecisas) da catástrofe (?): no mínimo 100 mil pessoas morreram; mais de 37 425 ficaram feridas; mais de 13 983 desapareceram; 62 mil dos 90 mil edifícios foram destruídos e 6 mil sofreram avarias irreparáveis.  Mas esses dados não são o foco do livro. “Hiroshima” faz muito mais do que isso. Ele mostra o horror da guerra, o desespero pela sobrevivência, a agonia da impotência. E quem nos conta esta história não é John Hersey, mas seis hibakusha, os sobreviventes da bomba.  Com eles “relembramos” o que aconteceu naquele fatídico dia. Com eles “sentimos” os efeitos da explosão e da radiação, as dores, os incêndios e as queimaduras, e tudo mais que eles, muito mais do que personagens, seres humanos reais, viram e viveram. Passaram e sofreram. Ok, talvez eu esteja escrevendo rebuscado demais, enrolando, fazendo rodeios. John Hersey não faz isso, seu texto é direto.


 “Ao optar por um texto simples, sem enfatizar emoções, ele deixou fluir o relato oral de quem realmente viveu a história. O tom da reportagem é um prolongamento da dor silenciosa que os sobreviventes de Hiroshima notaram nos conterrâneos feridos”*.







Mas só estou sendo indireta porque não quero traumatizar aqueles que ainda pretendem ler “Hiroshima”. Eu poderia transcrever como exemplo trechos e mais trechos do livro para vocês entenderem o que ele causa. Mas não posso. Só repito: o livro é forte. Para aqueles que leem imaginando o que está escrito, as imagens são impactantes. São dolorosas, revoltantes. Prepare-se para sentir arrepio, dor, raiva, revolta, vergonha. Prepare-se para se perguntar como pode o ser humano ser capaz de atos tão hediondos, de causar tanto sofrimento em nome de uma guerra “justa”. Prepare-se para refletir sobre o nosso passado, da humanidade, e se questionar se isso poderia acontecer no futuro. Prepare-se para pensar e se questionar se, assim como pensavam muitos japoneses, a bomba era um destino que lhes cabia aceitar e sofrer.  “Shikata ga-nai” – “não tem jeito”.


* Posfácio de Matinas Suzuki Jr. no livro "Hiroshima"

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